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domingo, 4 de dezembro de 2011

SÓCRATES - ERA UMA VEZ, NUMA COPA DO MUNDO EM 1982...


O jogo estava nervoso. Mais nervoso ainda estava o tio Edu que fumava um cigarro atrás do outro, dando murros no braço da poltrona, chingando palavrões a cada erro de passe. A vó Ruth dando palpites, apontando erros da seleção, minha mãe sentada no fundo só dando risada dos comentários da vó Ruth. O vô Paulo em pé, com a face vermelha de tensão ao lado do Dr. Lívio bebendo uísque. Eu sentado no chão com 6 anos de idade descobrindo o quanto era sério esse negócio de copa do mundo vendo todo mundo tão nervoso e preocupado.

E eis que a União Soviética abre o marcador em um frango histórico do Waldir Peres. Silêncio momentâneo seguido de chingos e murros na poltrona. Nunca tinha visto minha família toda tão nervosa e isso me causou um medo enorme. Fiquei imaginando: "se é assim imagina se o Brasil perder o jogo".

E chega o 2º tempo. E continua o nervosismo. E o que aconteceria se o Brasil marcasse um gol? Eis o que aconteceu. Em um lance maravilhoso, Sócrates dominou a bola, passou por dois marcadores e chutou de fora da área, no ângulo de Dasaev, um dos melhores goleiros de todos os tempos. O tio Edu deu um grito altíssimo acompanhado de todos em casa, erguendo os braços, sorrindo e comemorando. Rindo de tudo me viro e vejo lágrimas nos olhos do tio Edu e do vô Paulo. Volto meus olhos para a tela vendo o replay do gol quase entrando na onda do choro também.

E o Brasil ainda fez mais um gol virando a partida. o tio Edu me levou até a esquina para ver os carros passando com bandeiras e buzinas. A felicidade era incrível. "Que coisa importante ganhar um jogo" pensei...

Hoje Sócrates nos deixou. Mas o seu testamento é a lembrança do primeiro gol da seleção que presenciei numa copa do mundo. O susto que tomei observando as emoções nos meus familiares que estavam extremamente nervosos e de repente com o seu gol foram tomados de uma incrível alegria.

Talvez o gol que me fez apaixonar de vez por esse esporte chamado futebol.

Obrigado Sócrates!

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