Seguindo

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

EU VI O CAMINHO

Eu quero me tornar a escuridão
Me abrigar nas sombras
Quero deixar minha taça vazia
Abandonar o mundo
Arrancar quase tudo que há dentro de mim
E deixar só uma centelha
Quero não desejar
Eu não quero mais ser

Entre o sim e o não, escolhi o meio
Quero aprender a não olhar para trás
Quero tirar os sapatos e sentir as pedras sangrarem meus pés
Quero beber o sangue
Sentir o choque
Ficar tonto
Quero vomitar
Flutuar no oceano e me tornar inútil, estéril, deserdado, incompleto
Um vazio

E quando achar que tudo está perdido
Abrir os olhos e contemplar o paraíso
Esse é o caminho

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

MARDI GRAS


Lua nova, no céu se aproxima

Chamando todos a se lançarem às ruas e avenidas

Os escravos foram libertados

O rei, posto ao cargo

E é nessa conjunção cósmica, quase uma conspiração, em que todos acreditam

A fantasia é posta sobre a fantasia e a máscara sobre as máscaras

Todos seguem felizes, embriagados, velados

Do meu lugar assisto tudo nauseado

Aproveitemo-nos utentes, pois as privações começarão adiante

No final todos estarão caídos pelo chão

Caídos a esperar socorro

E a esperar a lua cheia quando Outono chegar