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sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

QUANDO NASCE O SOL

Marcinha mora numa pequena e pacata de cidade, de poucos habitantes. Situada entre imponentes montanhas, de clima frio mas que agrada a muita gente.


Uma praça, uma igreja, um restaurante, um clube, um time de futebol de várzea. Praticamente, uma só família…

Marcinha já estava cansada daquele lugar. Cansada com seu coração que se machuca a cada pôr do sol. Cansada da rotina de passar sempre pelos mesmos caminhos, pelas mesmas ruas, pelos mesmos muros, estátuas e bancos de cimento. Ela queria fazer alguma coisa diferente. Algo que nunca tinha feito antes… ela queria ver o nascer do sol! Uma coisa simples, mas que para muitos é banal, mas para Marcinha seria quase que como realizar um grande sonho.

Ficou acordada a noite inteira. Pegou um cobertorzinho fino, enrolou no corpo e de madrugada saiu escondida de casa rumo à montanha mais alta, de onde da para ver não só sua cidadezinha mas outras localidades próximas. Por um momento se sentia a dona do mundo.

Estava frio e a noite demorava a passar. O vento, sua única companhia, tocava seu rosto molhado e trêmulo. Estava tudo escuro e Marcinha sentiu medo. Medo que começasse a chover. Medo do silêncio. Medo de dormir e perder o nascer do sol. Medo menor do que sempre sentiu. Pelo menos ali, naquele momento, tinha a certeza de que em breve o sol chegaria e iluminaria tudo, levando o medo e a tristeza embora…

Ela não cochilou. Suportou as lentas horas que custavam a passar e a solidão, até que os primeiros raios de sol iluminaram sua pele. Se levantou olhando para o horizonte, olhou para baixo, para sua pequena cidadezinha, depois ergueu o rosto novamente para o infinito e sorriu, enquanto uma solitária lágrima descia pelo seus olhos. Ela sentiu como se voasse. O vôo mais alto de sua vida. O primeiro e o mais belo e misterioso vôo.

E nunca mais voltou a ver o sol se pôr. Nunca mais voltou a provar o gosto amargo da rotina. Nunca mais voltou a olhar para as estátuas e nem sentar nos bancos frios da praça. Nunca mais voltou…

Um comentário:

  1. Matt,
    Porque é que lendo isso me identifiquei tanto? rs
    Amei esse post! Tão simples, singelo, e tão profundo...

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